sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O estímulo à formação da competência cultural, considerando as individualidades


                     
                       Ninguém nasce sabendo ou dominando coisa alguma. No entanto, o homem detém a inteligência, de forma que, em maioria, somos seres aptos ao aprendizado, quando devidamente estimulados. O estímulo é o principal meio de desenvolver o interesse por determinadas competências. No caso da competência cultural, isso ainda é muito mais complexo. Despertar o gosto, a atenção e principalmente a percepção ao conteúdo dos elementos artísticos, não é algo do qual espontaneamente poderá se obter retorno, mas é algo que está acessível aos diferentes públicos e que deve ser sistematizado da forma correta.

                        Quando Pierre Bourdieu, sociólogo francês, reflete sobre a produção do gosto cultural em seus estudos e nos propõe que esse gosto e as práticas de cultura de cada indivíduo são resultados de um “feixe de condições específicas e individuais de socialização” (MARIA DA GRAÇA JACINTHO SETTON, Dossiê Pierre Bourdieu - revista Cult, pág. 48, set/2008), ele provavelmente acreditava no estímulo à um aprendizado dirigido e específico, sem padrões comuns, para a formação cultural das próximas gerações.

                        Dentro dessa ideia, pressupõe-se que é baseando-se nas trajetórias sociais vividas por cada grupo ou segmento, que torna-se possível desenvolver os meios mais adequados de estímulo à apreciação cultural, uma vez que as vivências culturais são diferentes. É um processo educativo advindo do seio familiar e escolar, distinto para cada grupo, que vai produzir seu gosto cultural, e não capacidades inatas.
Assim sendo, a arte está, sim, ao alcance de todos, mas é preciso ter coerência e sabedoria ao expor os espectadores à obra, pois aí será necessário uma certa intimidade adquirir, para que não haja desinteresse por parte do interlocutor.
                         
                        A linguagem artística é, como a escrita ou a fala, uma forma de comunicação humana na qual o artista e o público interagem de igual pra igual, um propondo e outro reagindo. Através da sensibilidade e da capacidade de assimilação de um objeto artístico, que poderá ser desenvolvida por meios educativos, de acesso e de estímulo, é que poderá se desenvolver o interesse no aprimoramento da competência cultural.  Se o sujeito possui apenas um atributo de análise, provavelmente será superficial e ficará no “gosto” ou “não gosto”, na presença de um objeto artístico, ao passo que, tendo mais conhecimento de causa, sua apreciação passará a ter mais conteúdo.
                       
                         Por outro lado, se a apreciação artística é algo subjetivo, logicamente é preciso analisar individualmente o interlocutor, para não correr o risco de massificar a cultura de forma irresponsável, a ponto de superestimular uns e desestimular outros. Exemplificando, obrigar alunos de uma escola do bairro mais pobre de uma capital a ouvir atentamente um concerto de música erudita, sem antes familiarizá-los, de alguma forma, com esse estilo musical, seria um grande equívoco. Obviamente eles só tiveram acesso à música popular, pela vivência familiar e escolar. Então, uma forma de estimulá-los à esse conhecimento seria instituir aulas de música, a formação de uma orquestra, familiarizando-os com os instrumentos musicais utilizados na música erudita, e quem sabe até misturando os elementos populares aos quais eles já estão habituados, seja no repertório ou instrumentos, além de oferecer o contexto histórico como cooperador para esse aprendizado. Certamente, num breve espaço de tempo, não só eles estarão apreciando sensivelmente um concerto clássico, mas até seus familiares.

Orquestra de crianças da ONG Ação Comunitária/SP

                         É sabido que a massificação da cultura por meio de internet, televisão e todo o tipo de publicação popular também é agente provocador da curiosidade, que torna-se uma forte aliada na construção do gosto cultural, mas ela funciona apenas como um “start” no processo construtivo.
Sob essas perspectivas, é importante despertar o interesse pela arte e o desenvolvimento da competência cultural dos indivíduos de cada segmento social em si, mas é crucial verificar os meios corretos para isso, visando a continuidade desse interesse, a construção do gosto e, principalmente, o entendimento do conteúdo que os bens culturais detém.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Carta para a jovem Midian Almeida, de 1992




                                         São Leopoldo, 28 de Novembro de 2012

                                       
                                        Querida e jovem Midian!

                                        Te escrevo para contar um pouco sobre a minha vida, e principalmente sobre como tenho me visto dentro da nova era da comunicação, tão rápida, tão globalizada, tão cheia de tecnologias, que pelo mundo se instalou. Veja só, eu aqui falando em globalização e você nem deve saber do que se trata, visto que é uma jovem romântica e sonhadora dos anos 80/90. 

                                        Minha jovem, isso aqui está uma loucura, você não imagina o quanto! Sabe aquela música da Rita Lee que a Elis Regina, que você gosta tanto, gravou, “Alô Alô, Marciano”? Pois é, “tá cada vez mais down no high society“, mesmo. Até parece que a titia Rita estava profetizando. Hoje em dia, nesse tempo em que eu vivo, todo mundo convive com todo mundo, a democracia, enfim está conquistando sua efetividade, através de um negócio chamado internet. Pobres e ricos, ninguém sabe ao certo quem é o quê, pois todo mundo está, ao mesmo tempo visível e ao mesmo tempo escondido atrás de um teclado de computador, enfiado dentro de sua casa. Tem muito rico que não tem capital simbólico, cultura, entendimento, sabedoria, e muito pobre culto, com muito mais valor, e assim, conquistando suas oportunidades. A internet uniu as pessoas, independente de classe, credo, gênero, cor, opção sexual. Sério, por meio de um computador, é possível se conectar com o mundo todo! Saber o que se passa nos lugares mais remotos, obter informações sobre a vida, a cultura, os acontecimentos de tudo quanto é lugar no mundo. Até visitar o Louvre você pode, sem sair de casa, através da internet.

                                         Câmeras estão espalhadas pelas ruas, gravando tudo em tempo real e transmitindo ao mesmo tempo pela internet, que agora é rápida e não precisa discar, vem por cabo de fibra ótica (um dos grandes inventos do século XXI. É realmente uma loucura. Coisas que você viu em filmes como o Star Wars e pensou: nossa, isso é surreal! -  estão acontecendo, de fato. Eu me adaptei muito bem a tudo isso, jovem Midian. Tive que me adaptar...
                                         Na verdade, eu to achando tudo uma maravilha. E você deve imaginar o porquê né... Sim, eu continuo querendo falar o tempo todo, mesmo quando não tem com quem falar, continuo querendo saber tudo, querendo conhecer pessoas diferentes, contando minhas histórias e dando meus pitacos por aí, só que agora, mesmo sem a presença física, isso é perfeitamente possível. Imagine que, até pelo telefone celular – opa, celular é um capítulo à parte - dá para saber o que se passa no mundo inteiro e interagir com pessoas, sem pagar uma conta imensa em ligações internacionais. Você iria adorar tudo isso! Aliás, vai chegar sua vez, você vai enlouquecer, assim como eu. 
            
                                         Bueno, jovem Midian, me sinto privilegiada em poder viver nesse tempo. Claro, ainda tem muita gente que não tem acesso a tudo isso, mas sinto que, aos poucos, o mundo globalizado vai conseguir, enfim, seu objetivo, de interligar tudo e todos numa rede só.
                                         
                                         Ah, sobre o celular, você deve ter ficado curiosa, né? Pois bem, o telefone, que só nossa vizinha Marli tem aí na rua, e por isso se acha a dona do pedaço e até cobra de quem quer receber um recado de um parente, agora é um bem móvel, que todos podem ter, inclusive mais de um e podem andar com ele pra cima e pra baixo, receber e fazer ligações pra qualquer lugar do mundo, com preços bem acessíveis, se comparados com o que cobrava a dona Marli. É muito legal esse negócio, ele cabe na palma da mão e também tem televisão, rádio, toca músicas, entra na internet, faz tudo, é quase que um computador de bolso. Sabe aquele teu computador IBM Aptiva? Agora, ele transformou-se em um tablet, que cabe dentro da bolsa e você pode armazenar nele teus trabalhos de escola, livros digitalizados, filmes, uma imensidão de possibilidades. É a era da portabilidade. Não precisa de cadernos, se não quiser.

                                         A televisão e o rádio continuam meio parecidos com o que você conhece, exceto que o sinal agora é digital, e também permite interatividade e que temos aparelhos de televisão que cabem no bolso e inclusive dentro de carros.  As possibilidades, Midian, são muitas. 

                                         A comunicação é aberta às suas críticas, você que questiona tanto os modelos de informação, iria curtir. Ah, curtir, essa palavra que nossos pais falavam nos anos 70, é uma das palavras mais usadas hoje, pois quando alguém publica algo na internet, quase sempre tem um ícone na tela do computador, onde você pode clicar, se curtir a matéria. E ainda nos jornais e revistas, que hoje não são só impressos em papel, ainda temos a opção de comentar instantaneamente as matérias publicadas. Os impressos ainda resistem, e creio que possam sobreviver, mas cresce o número de pessoas migrantes todos os dias, para as publicações on line, ou seja, na internet, pois é onde elas passam muito tempo do seu dia, conectadas. A credibilidade deles tem sido questionada, sabe lá que rumo tomarão.

                                        Os jornalistas de hoje têm mais facilidade em buscar suas matérias, pois a comunicação é mais acessível, no entanto, muita gente publica coisas falsas na internet, que é demasiadamente livre e com isso permite que coisas irreais sejam divulgadas, prejudicando o curso normal das coisas. É preciso investigar sempre a veracidade do que se publica, antes de compartilhar. Outra palavra muito usada.

                                       Sinto falta de algumas coisas, de visitar mais as pessoas, ao invés de falar ao celular, de receber e mandar cartas, escritas e perfumadas, pois hoje o correio é eletrônico e a carta se chama e-mail, de tirar fotografias na câmera e levar o filme pra revelar, esperando a surpresa de como as fotos haviam ficado. Agora, as máquinas são digitais, não têm mais filmes e você pode ver as fotos na tela da câmera, logo que fotografa, pode apagar e refazer, se não ficaram legais. Depois você armazena no seu computador, quase ninguém manda imprimí-las em papel fotográfico, como antes. O mundo perdeu um pouco do romantismo, mas ainda é muito legal viver aqui. Sobre as redes sociais, acho que é demais pra sua cabeça, nem vou comentar.

                                       Mas olha, vou te dar um conselho, faça exatamente as coisas da forma que eu fiz, em relação à profissão que a gente escolheu. Assuma sua arte, seja uma cantora, pois você veio ao mundo pra cantar, em primeiro lugar. Deixa para ir à faculdade quando estiver mais madura, mais experiente, porque aí vai sentir a diferença de toda a bagagem cultural que você adquiriu nos seus anos de vida e poderá usá-la em benefício próprio.

                                       Só mais uma coisa, continue querendo descobrir o mundo e questionando tudo, sempre haverá espaço pra gente assim aqui, embora muitos prefiram menos sinceridade e transparência, ser honesto e sincero ainda é um valor até hoje. E para encerrar, um último conselho: não se case tão cedo, como eu fiz. Tem muita coisa boa nesse mundo para descobrir e sozinha você poderá ir muito mais longe do que eu fui. A melhor idade para casar é depois dos trinta. Não se preocupe com a maternidade, que você tanto sonha. Hoje em dia, as mulheres engravidam até depois dos quarenta e a medicina está muito evoluída, tanto na obstetrícia, quanto na estética, para o depois : ) (isso é um ícone e quer dizer q estou sorrindo ao escrever).
                                       Beijo no seu coração, Deus abençoe tua caminhada. Ah, Deus existe, viu! Ele me trouxe até aqui!
                                                                                                            
                                                                                           Midian Almeida, 37 anos, 2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sobre as mídias sociais conectadas, em relação ao jornalismo



Midian Almeida
Acadêmica de Jornalismo/Unisinos

O lenhador ia pelas florestas assoviando feliz, e a cada tronco que encontrava, lá ia ele com seu serrote e seu machado, derrubá-lo. A indústria inventou a serra elétrica, mas o lenhador não quis aprender a usar. Continuou com seu serrote e seu machado. O lenhador continua lá. Mas não há mais lenha na floresta.

Toda a mudança ou toda a evolução tem seu ônus. A produção da informação mudou. Os velhos conceitos caíram por terra, vivemos uma era de instantaneidade, de interatividade e fomos impactados por inúmeros meios digitais de produção e distribuição de informação.


Na Idade da Pedra Lascada, era a pedra lascada, na Idade da Pedra Polida era a pedra polida, na Idade dos Metais, esses foram os instrumentos, e hoje podemos dizer que vivemos a idade da tecnologia, então, é preciso saber usá-la a serviço da humanidade.


O assunto dessa pesquisa, realizada pelo pesquisador em comunicação Walter Teixeira Lima Júnior, é justamente um dar-se conta, de que hoje, o ser jornalista perpassa o ideal romântico da máquina de escrever, mas não o abandona, apenas o evolui e necessita de uma síntese maior de conhecimentos e habilidades, que, se antes não era necessária, daqui por diante é primordial.

O jornalista precisa, além do texto, absorver conhecimentos técnicos em outras áreas: fotografia, vídeo transmissão, edição, e com certeza, as plataformas tecnológicas. Isso se quiser sobreviver no mercado, estar atualizado, vivendo dentro da era tecnológica.

O cenário mudou, a vida mudou, então eu, como profissional, preciso mudar também. Preciso buscar mais conhecimento e desenvolver outras habilidades para que eu tenha condições de realizar meu trabalho, dentro desse novo cenário midiático.

As mídias sociais conectadas permitem que amadores sejam produtores de conteúdo jornalístico e não apenas meros receptores da  informação. As notícias se tornaram um bem social. Houve a quebra da hierarquia da mídia tradicional, que outrora era de cima pra baixo. Agora, a palavra é transversalidade.






Essa é uma mudança histórica, antes, noticiar era função de uma instituição que criava, decidia, publicava, elaborava e distribuía notícia. Hoje, quem decide o que é notícia são todos. Se um determinado público achar que um fato é notícia, e mais pessoas concordarem, então ela será compartilhada, interpretada, comentada e, fatalmente, vira notícia.

Todos os anos, muitos novos mecanismos e ferramentas são criadas ou aprimoradas e é preciso que se conheça o funcionamento dessas, para podermos continuar inseridos no mercado, de forma eficiente. Isso é fundamental para que realmente haja efetividade na democratização do meio digital. O ambiente digital conectado deve estar preparado tecnologicamente para receber as contribuições dos usuários, pra que esse usuário possa participar de forma efetiva no processo de produção do conteúdo informativo de relevância social.

Em resumo, temos que aprender, como profissionais, a lidar com os meios digitais para que a democratização deles seja efetiva.  

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Um Mestre aos Oitenta

                                                                    Audálio Dantas                        Foto: Divulgação
 

AudálioDantas é brasileiro, alagoano, tem 80 anos e desses, 58 dedicados ao jornalismo. Um dos repórteres mais admirados e respeitados do Brasil, foi presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e o primeiro presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, além de deputado federal, por um mandato. O jornalista trabalhou em diversos jornais e revistas brasileiras e tornou-se conhecido e respeitado no país, depois de ter encabeçado a denúncia do assassinato do colega Vladimir Herzog, em 1975 e comandar uma manifestação com a expressiva presença de mais de 8.000 pessoas em frente à Catedral da Sé em São Paulo, exigindo do governo militar esclarecimentos sobre a morte de Herzog. Esse ato é considerado um marco histórico no processo de redemocratização do Brasil. Audálio Dantas esteve na Unisinos participando da Semana da Comunicação Social 2012, num misto de palestra e bate papo, que reuniu alunos, professores e colegas de profissão.

“Não consigo escrever, se o tema não me tocar”, assim começou o discurso de abertura do bate papo com Audálio Dantas, proferido pelo professor e coordenador do curso de Comunicação Social da Unisinos, Edelberto Behs. Depois dessa frase, muito pouco precisou ser esclarecido sobre a vida do palestrante.  Durante toda a noite de segunda-feira, tivemos uma chuva de conhecimento, de histórias de vida, de trabalho e principalmente de luta, de engajamento político e de total entrega à profissão, pela qual Audálio demonstra em seus atos e em seus fatos. O alagoano falou de forma simples e com total humildade aos alunos presentes, sobre suas principais reportagens. 

Em todas, a entrega foi total. Embrenhou-se nos lugares mais rústicos, mais selvagens, para obter dos fatos, a realidade. Contou sobre a reportagem que lhe rendeu o primeiro prêmio nacional, e que, curiosamente, recebeu um “não“ do entrevistado. Guimarães Rosa negou-lhe a entrevista, na ocasião do lançamento do livro Grande Sertão Veredas, mas o repórter, humildemente, permaneceu em torno da sessão de autógrafos e, através de tudo que ouviu e viu dirigido aos leitores, escreveu a matéria que lhe rendeu o prêmio.
Com relação à reportagem que o tornou conhecido no mundo todo, Audálio Dantas contou que passou muito tempo dentro da favela do Canindé em São Paulo, onde recebeu um diário de anotações de uma jovem moradora, Carolina Maria de Jesus, catadora de papel, e dali concebeu o livro que lhe renderia traduções em 13 idiomas, "Quarto de Despejo (O Diário deUma Favelada)”.  

Acaba de lançar mais dois livros, uma compilação de suas principais reportagens, “Tempo de Reportagem”, e outro sobre Vladimir Herzog,  “As Duas Guerras de Vlado Herzog”.



Audálio Dantas não tem formação acadêmica, mas pode ser considerado um mestre no ofício do jornalismo, assim como tantos outros que ele mesmo cita com suas referências de vida, como Joel Silveira e Euclides da Cunha. Esse “mestre” deu uma verdadeira aula de experiência, de humildade e de amor ao jornalismo a todos os presentes na primeira noite da Semana da Comunicação Social.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Hoje é um dos dias mais tristes dos últimos tempos, pra mim. E antes que tripudiem, não tem a ver com resultado de eleição, quem ganhou, quem perdeu, quem vai ganhar, quem vai perder...não tenho nada a ver com isso, sou uma pessoa comum, minhas escolhas, ainda que nao vitoriosas, continuarão sendo as minhas escolhas, e nada mudaria isso em mim. O que eu penso, ou deixo de pensar, ora, nem importa tanto assim.

Minha tristeza passa muito mais pela constatação de que a gente, às vezes, perde a noção do quão difícil é viver em comunidade, conviver com as diferenças, e principalmente, num mundo virtual, como dói ser mal interpretado, mal visto e muitas vezes mal julgado, por seus amigos, por pessoas próximas, ou outras não tão próximas. Ter que excluir pessoas da sua lista, pessoas que até então eram divertidas, simpáticas, mas que de repente ficaram sarcásticas e preconceituosas, dói, pra mim.

Perde-se muito tempo tentando se proteger e a vida vai ser tornando um eterno defender-se, do mundo, das injustiças, do desamor.

Eu não consigo mais viver assim, não quero mais isso. E o que fazer? Deixo de ser eu mesma e agrado a todos, instantaneamente, pelo artifício do fechar os olhos e ouvidos e fazer de conta? Abro o sorriso e finjo que o mundo é como eu sonhava?

Sei que pareço uma garotinha triste agora, entendo perfeitamente quem estiver lendo e pensando isso agora. Não sou expert em viver, nem em sonhar, nem tão pouco tenho a fórmula correta de como interagir. Procuro ser eu mesma. Sinto muito, essa sempre foi minha vocação.

Quanto mais eu procuro mostrar sempre minha verdade, mais percebo que não querem enxergá-la. Nem sei mais o que pensar. To por fora da minha própria razão. O coração, nem se fala, murchou. Murchou bastante hoje. Ficou pequenino diante dessa tristeza. Tem coisas que me ferem muito mais do que possam imaginar: injustiça é uma delas, ou a pior.

Hoje vou dobrar meus joelhos e orar pela compaixão, pela fé nas pessoas. A minha, a nossa, a do mundo.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Alô pessoal, estou começando hoje a atualizar o meu blog, espero que daqui pra frente aumente o número de seguidores, que queiram acompanhar minhas novas peripércias.

Voltei pra faculdade, estou imersa no jornalismo full time.

Comecei a trabalhar na Rádio União Fm, 105.3 de Novo Hamburgo, mas com abrangência em toda a região do Vale do Sinos, Grande Porto Alegre, Vale do Paranhana e na capital.

Tenho um programa de segunda à sexta das 17h às 19h, ao vivaço, com música boa, informações, condições e previsão do tempo, infos do trânsito e muita variedade.

Estou feliz pois a rádio tem uma excelente programação, não toca música ruim, muito pop nacional e internacional, mpb, jazz, instrumental...

Já na primeira semana, sinto que a audiência vem aumentando, pelos inúmeros recados que tenho recebido pelo facebook e pelo twitter, todo mundo curtindo muito esse lance.

Sugeri e estamos fazendo um bloco Só do Sul, sempre as 17h30min, com os talentos daqui do nosso estado. Feliz demais por isso também...

Enfim, estou fazendo aquilo que sempre quis, informando, comunicando, realizando.

Abraço à todos!

Midian

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Mentiras sinceras me interessam?




eu ando meio inquieta
to me sentindo estranha, como se a ansiedade fosse tomar conta de tudo.
eu nunca fui de botar florzinhas nos meus trabalhos de escola, nem de ficar bajulando ninguém com elogios baratos, eu sempre fui amiga e honesta, sempre fui batalhadora e aquela que pega junto pra resolver a questão

meus trabalhos eram feios, mas o conteúdo era o mais completo, a apresentação era desleixada muitas vezes, mas eu sempre ganhei boas notas por eles, não as melhores, porque sempre tinha alguém que, além do conteúdo bom, botava as tais florzinhas e se dava bem melhor do que eu... ah, tudo bem, sobrevivemos todos!

mas tem horas que cansa sabe. Cansa tentar viver no mundo das aparências. Onde as pessoas falam mal dos próprios amigos pelas costas, depois declaram amor eterno à eles nas redes sociais.
Pra quem não tá acostumado com isso, nossa, como cansa.

eu não sei dizer eu te amo pra qualquer um, não sei. amar e respeitar é algo forte, complexo. Dizer eu te amo tem muitas implicações, não é tão simples.

sou a companheira do tête-à-tête, aquela pra quem tu vais contar tua cagada mór, e que vai te achar uma forma de resolve-la, mas que vai te dizer quando tu estiver fazendo merda demais, e pedir pra tu segurar tua onda, na hora certa

eu não tenho jeito com frescura
acho que o melhor jeito é o verdadeiro
acho que o melhor jeito é dizer a verdade sempre

encontro nas palavras o objeto de coligação com o mundo
não sei viver só de gestos, nao sei viver me escondendo

mas será que eu não to errada?

será que não é melhor entrar pro mundo do faz de conta pra ser feliz? será?

faz de conta que eu te amo, só pra eu passar por boazinha com o maior número de pessoas possíveis à tua volta?

ai gente, não sei não

eu acho que não consigo, não sei nem se quero tentar isso

o problema é ser rotulada de grosseira, porque nao me permito compactuar com esses pequenos "cinismos necessários"

eu sou deficiente então. se isso é ser normal, assumo, sou portadora de necessidades especiais

necessito ser honesta
necessito fechar a porta pra aquilo que me faz mal
necessito reservar-me aos meus valores

sempre fui sincera, não sei ser diferente

será que perco ou ganho?

o tempo vai dizer quem valoriza o quê?

terça-feira, 28 de junho de 2011

São Leopoldo Fest 2011


Esse ano completo 18 anos de carreira.
Foi lá em 93 que entrei pra esse meu mundo.
E de nada me arrependo, sou tão feliz fazendo o que amo.
Não fiquei rica até agora, nunca foi esse meu objetivo de vida.
Eu sempre quis foi ser feliz. Pra isso fui criada. Aprendi que nada tem mais valor do que a felicidade, a família, o amor.
Mas sigo cantando por aí, divulgando meu disco, o primeiro tão sonhado, que me deixou muito satisfeita.
Foi muito bom esse tempo todo.
Claro que nem tudo foram rosas, houve espinhos, muitos espinhos. Mas eles me ensinaram a cultivar a vida com mais cuidado, pra não me ferir.
18 anos serão comemorados no palco.
Show autoral na São Leopoldo Fest 2011. Cidade onde eu cresci e aprendi a viver tocando, tocar a vida cantando de bar em bar, de cidade em cidade.
Quero ver o público todo lá!
Espero ouvir as vozes deles cantando " A minha vez ", dia 24 de Julho às 20h.
Até lá!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mensagem de Final de Ciclo, Início de outro


Queridos amigos e amigas,

Fim de ano chega e a gente começa a sentir aquele cansaço físico natural, de quem passou o ano na correria, com mil projetos na cabeça, descobrindo tanta coisa nova, umas boas, umas nem tanto, mas o saldo de todas as minhas experiências, posso dizer que foi positivo.

Eu não ia escrever nada esse ano, confesso que ando um pouco desanimada e cansada demais, mas não é nada com vocês, nem de perto!
É só as férias que demoram a chegar e a gente vai ficando mais idosa e sentindo mais essa falta.

Mas nossa, tenho tanto pra dizer, tanto pra dividir e eu não sei viver sem isso, sem me revelar.

Foi o primeiro ano do resto de minha vida!

Foi o ano em que eu fiquei solteira pela primeira vez.

E que doloroso foi perceber um mundo tão diferente daquele que eu deixei lá no início dos anos 90.

As pessoas não querem mais se relacionar umas com as outras como antigamente.
Eu comentava que na minha última solteirice - e olha que faz tempo isso - quando você ficava ou beijava alguém numa balada (esse termo balada também não existia rsrsrs) , nos dias seguintes você poderia telefonar, encontrar essa pessoa, e você só ficava se essa pessoa lhe interessasse um pouco mais.

Mas hoje em dia, muitos sequer atenderam meus telefonemas, não responderam mensagens gentis que enviei, por que será? Medo de serem bem quistos? De serem bem tratados, de receber carinho?
Aí quando eu os encontravam noutra ocasião, era como se nada tivesse acontecido, poderiam ficar novamente, como se só o momento e mais nada importasse...que pena, que banalidade virou a relação entre homem e mulher... Eu preferia antigamente...

Bom, desabafos à parte, sigamos nossos rumos, cada um com seus valores, os meus eu sei bem qual são...

Gente querida, quero agradecer à todos que estiveram do meu lado, aos que responderam minhas mensagens, aos que não me deixaram sem resposta, aos que retribuíram as gentilezas...

Quero agradecer à Deus por ter amigos tão queridos, irmãos mesmo sabe, isso não tem preço!

Quero registrar tamanha alegria pelo surgimento e fortalecimento da Confraria de Las Cantantes, elas que muitas vezes foram a minha única companhia e meu porto seguro, minhas colegas que já passaram pra amigas há horas. Que gente boa, que amigas queridas, coração puro, mente aberta.

Agradeço por ter tido saúde, trabalho, e principalmente o amor de pessoas queridas e familiares, que mesmo à distância, sei que posso contar.

Agradeço por hoje descobrir que não sinto ódio nem raiva de ninguém, meu coração está limpo, só sinto amor e perdão. Aprendi a perdoar em 2010. Meu último ato de raiva humana foi em agosto, depois de lá, orei muito pelo perdão. E estou aqui, pronta pra perdoar todos.

SE ALGUÉM AÍ ACHA QUE NÃO PRECISA DE NINGUÉM PRA VIVER...LEMBRE-SE QUE ALGUÉM TE ENSINOU A CAMINHAR E LIMPOU TUA FRALDA CAGADA UM DIA!

Falando nisso: Valorize seus pais HOJE, não depois que os olhos deles se fecharem pra sempre ok!

Pessoal, pensem muito antes de reclamar de qualquer coisa que acontece nas vidas de vocês: olha pro lado, olha pro mundo, e pensa bem se você não é um privilegiado em ter trabalho, saúde, família... Tá bom, você não ta tão bem de grana assim como gostaria? Mas lembra que no Céu não entra tesouro, que o teu maior tesouro ninguém pode te tirar: a tua alma e teu coração.

Amigos e amigas, desejo um Natal de renovação - PENSA NO QUE VOCÊ PODE FAZER HOJE PRA COMEÇAR A RENOVAR SUAS ENERGIAS, PRA 2011 SER O MELHOR ANO DA SUA VIDA E DE QUEM ESTÁ AO SEU REDOR!

Que 2011 venha com tudo, trazendo uma avalanche de boas coisas, boas notícias, mais humanidade, menos violência e mais cuidado com o coração dos outros. Eu só tenho uma coisa a pedir pra Deus em 2011, Ele sabe o que é, mas sei que vai me dar na hora e na forma certa! Buenas gente querida, contem comigo!

VAMOS NOS AJUDAR A CAMINHAR, SE UNS AJUDAREM OS OUTROS DA FORMA QUE PUDEREM, SEM VIRAR AS COSTAS, TODO MUNDO VAI SER PRÓSPERO E FELIZ! APRENDAM A SECAR LÁGRIMAS UNS DOS OUTROS, ISSO FAZ MUITO BEM PRA GENTE!

Deus abençoe todos vocês, em nome de Jesus!Amém!

Midian Almeida