segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Ladies Night em Dubai

Noite delas em Dubai

As pessoas sempre me perguntam o que tem de baladas em Dubai.
Gente, tem muita coisa legal, e pra todos os públicos.
Tem coisas que se pode fazer em família, outros a dois e outras pra galera que tá na pista mesmo.

Essa semana eu separei algumas dicas de Ladies Night's, que são festas que ocorrem semanalmente, cada dia num local diferente, e que as meninas tem privilégios como não pagar para entrar, preços especiais nas comidas e até drinks free.

Separei alguns lugares que são os queridinhos da mulherada:

- Spirito no Media One Hotel
A festa desse pub, que tem a cara do Brasil, chama-se Ipanema Ladies Night e  acontece nas quartas-feiras. No local, o chef de cozinha é brasileiro, tem caipirinha de cachaça e até comidinhas de boteco. Pra quem não fala inglês, tem garçons brazucas também. A balada é com música latina das sete até as onze da noite com 5 drinks free, além de 30% de desconto em todo o cardápio, especialmente para as Ladies.

- Mahiki, no Jumeirah Beach Hotel
Funciona nas terças-feiras, das oito às onze da noite, com cocktails liberados. Esse lugar tem uma ambientação que faz você se sentir no Hawai.É filial de um bar que existe em Londres e tem bons djs sempre tocando muito pop rock e reggae.

- Pink in the City no BarastiAqui nessa balada, o lance é começar só com mulheres e depois deixar os homens entrarem. Acontece nas terças também, entre sete e onze da noite (com espumantes e drinks liberados, pagando apenas 50 aed) e depois disso a festa segue até as duas da manhã, aí com a presença deles. 

- Yacht Club na Dubai Marina 
Esse local é lindo, tem uma vista de cinema e ainda conta com a Ladies Naight nas terças também, das oito às onze da noite.
Nesse, a mulheres ganham 3 drinks.

Chameleon Club no Hotel Byblos
Balada tecno pra ninguém ficar parado, funciona também nas terças, mas das onze da noite até duas da manhã. Ali eles oferecem coquetéis da casa e espumante liberada.



Então, quando vier a Dubai, já sabe onde se divertir sem gastar muito.
Enjoy it!




quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Um ano se passou, sem que eu publicasse uma linha a mais no meu blog.

Desculpem, mas eu tava muito ocupada sendo feliz com meus filhos lindos.

Pois é, eles nasceram no dia 24 de fevereiro de 2015, alguns dias depois da minha última postagem.
Nasceram saudáveis, ficamos 4 dias no hospital e fomos pra casa os três, papai lá longe acompanhando tudo pela internet.
Tive que interromper a gestação por causa de um probleminha chamado colestase hepática, que começou com uma coceira nos pés, que se alastrou pelo corpo todo e de forma violenta, insuportável. Era caso de risco, minhas funções hepáticas poderiam prejudicar os bebês;
Dia 23 baixei o hospital Regina em Novo Hamburgo, dia 24 estava com nossos lindos no colo.

Nasceram prematuros, 35 semanas, mas perfeitos. Isaac nasceu primeiro, 2.180 kg, 46 cm, Cássia um minuto depois com 1.970 kg, 45 cm, assim que ela atingiu os 2 kg, partimos.



Foram meses de adaptação, de muito choro, de muito cansaço, mas muito prazerosos, felizes e cheios de descobertas.

Papai só conheceu os filhos em Julho, quando foi de férias ao Brasil. Foi muito emocionante o nosso encontro.

Nesse mesmo mês fizemos a apresentação dos bebês na igreja, com a presença de quase toda a família e padrinhos. Foi um momento maravilhoso e abençoado.
Voltei a trabalhar logo depois que papai voltou para os Emirados Árabes.

Aí começamos a contagem regressiva pra nossa ida de mudança.

Dia 22 de outubro fomos, juntamente com a dinda Délci, para o outtro lado do mundo. de mala e cuia.
Os bebês viajaram bem, dormiram bastante, nós adultas é que não conseguimos descansar muito. Mas deu tudo certo, graças à Deus.

A adaptação no novo país foi rápida até, o fuso de 7 horas quase não atrapalhou, logo os bebês entraram no ritmo e passaram a dormir bem. A diferença foi o ar condicionado, que ficava ligado o tempo todo por causa do calor, mas logo a turma se acostumou com isso também.

Dinda Délci permaneceu conosco por vinte dias, passeamos bastante, fomos à praia pela primeira vez, que chique, primeiro banho de mar foi em Dubai, na Palms Jumeirah Beach.

Agora estamos totalmente adaptados, em pleno inverno no deserto. Moramos num confortável apartamento, muito grande, um quarto lindo pros bebês com suíte, os berços, televisão, dvd, um tatame enorme pra eles brincarem, e outro quarto pra gente, onde fiz meu escritório dividido por um biombo, pra não atrapalhar tanto o sono do papai.

Al Ain é a nossa cidade, um lugar lindo, cheio de verde, fica no meio de um oásis. O deserto na volta dá um lindo contraste. Aqui existe águas termais, parques lindos, uma montanha pra se observar tudo lá de cima, a Jabel Hafeet, museus, zoológico, muitos shopping centers, um parque aquático com piscina de ondas que dá até pra surfar, a cidade é linda.
Até as sinaleiras (semáforos, faróis), são enfeitados.

Logo que chegamos, vimos as comemorações dos 44 anos do país, pareciam luzes de Natal, mas eram sobre o país.
Passamos o Natal e o Reveillon por aqui, com novos amigos, foi muito bom compartilhar esses momentos, mas a saudade da família apertou muito também.

Já consegui retomar aos poucos meu trabalho na música e sigo gravando meus trabalhos publicitários no meu homestudio.

Toquei no carnaval em um lugar lindo, no meio do deserto, no emirado de Sharjah, o Makanny. Recomendo a quem quiser conhecer a cultura árabe, demonstrada com carinho por uma brasileira residente há 26 anos aqui, casada com um emirati (cidadão local), a Jamile Mussa Haikal.

Agora estamos preparando o aniversário de 1 ano dos bebês, que vamos fazer aqui em casa mesmo, pois faremos uma festa no Brasil posteriormente.

Então, é isso, atualizado nosso blog, sigamos.

Ah, eu agora sou correspondente internacional da rádio Itapema Fm de Porto Alegre, estou contando em drops as opções culturais e de entretenimento que temos por aqui, uma vez por semana.

Beijo, até a próxima!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Reta Final


Reta Final

Os últimos dois meses de nossas vidas foram de grandes transformações e muitas expectativas para esta mamãe de primeira viagem. Estou de licença médica desde o dia 10 de dezembro, o que foi imprescindível e providencial para a tranquilidade da gestação, já que estava muito complicada a ida até o trabalho todos os dias, dirigindo e passando calor. Graças à Deus a empresa onde trabalho foi muito compreensiva e percebeu minhas limitações a partir do quinto mês de gravidez.

Nem tudo são maravilhas numa gestação gemelar. A gente fica muito incomodada ao sentar, ao dormir, ao caminhar, levanta muitas vezes pra ir ao banheiro, não consegue sentar direito em uma cadeira nos restaurantes, fica difícil de dirigir, e tudo ocorre muito antes do que nas gestações normais. Ninguém fala pra gente o quanto dói o inchaço nos pés e pernas, o quanto é difícil dormir com o barrigão de lado, o quanto temos que nos resignar para que tudo corra como o esperado. Talvez porque todas as mães que passaram por isso, esqueçam rapidamente essa parte mais complicada, no instante em que têm o filho nos braços.

Chá de Fraldas



Fizemos nosso chá de fraldas em dezembro e reunimos as amigas queridas, além das dindas, numa tarde muito agradável de boas energias direcionadas à barriga do ano, a casinha da Cássia e do Isaac. O nosso encontro aconteceu na casa de uma grande amiga, que foi incansável para que tudo acontecesse com a maior tranquilidade. Outra grande amiga fez a decoração, uma das dindas fez docinhos, outra amiga trouxe os salgados, a vovó fez uma torta fria, e a mamãe cuidou dos líquidos. Como era uma tarde quente de dezembro, fiz água aromatizada e ponche, além de uma piña colada.
Foi uma tarde maravilhosa, demos muitas risadas e brincamos muito.

Mudanças à vista



Assim que chegamos no terceiro trimestre, alguns percalços aconteceram, fazendo com que a necessidade de cuidados especiais viesse de repente.

Primeiro, o papai Leandro partiu rumo aos Emirados Árabes, país onde a família deverá se fixar tão logo os babies estejam fortes e aptos a viajar.
Eu fiquei muito abalada, foi muito difícil pensar que, depois de tudo que passamos e sonhamos juntos, ele não teria a oportunidade de participar dos momentos finais da gestação, acompanhar o nascimento dos nossos filhos, cuidar de mim e me ajudar nesse final de ciclo. Mas já era esperado que isso acontecesse, sabíamos que iria ser assim e nos mantivemos fortes. Pelo menos pudemos passar o Natal juntos, em família.

A melhor decisão naquele momento foi ir para a casa de meus pais, na Praia do Rosa, para que eu pudesse descansar e não ficar em casa sozinha, só com as lembranças do marido. Não me queixo, de forma alguma, tudo estava sendo controlado e monitorado por Deus, que abriu essa porta para nossa família.

Diabetes gestacional

Depois, um exame de sangue apontou que a mamãe do Isaac e da Cássia estava desenvolvendo diabetes gestacional.  Foi um susto! Tivemos que retirar da dieta todo o açúcar, toda a farinha branca, os suquinhos de frutas que eu tanto gosto e estava tomando sem medidas, e introduzir arroz integral na alimentação. Como essa constatação veio no período das festas de Natal e Ano Novo, foi difícil conseguir um endocrinologista para analisar os exames.

Assim que refizemos os exames, já na metade de janeiro, constatamos que só a nova dieta fez com que as coisas voltassem ao normal.

Inchaço

Na 28ª semana, recebi injeções de corticóides, que servem para amadurecer os pulmõezinhos dos bebês, para que em caso de parto prematuro, eles consigam respirar serenos.

Só que isso fez com que meus pés quase explodissem de tão inchados, pois como sabemos, a cortizona provoca retenção de líquidos. Ainda bem que tive algumas amigas solidárias que vieram aqui em casa massageá-los pra tentar aliviar meu sofrimento.
Tive que aumentar também as minhas drenagens linfáticas para três vezes por semana, para ajudar nesse período.

Dificuldades

Cada dia mais pesada, mais difícil de caminhar, subir escadas, dirigir, mas muito feliz. Os bebês estão mexendo muito, muito mesmo! Tem noites em que eles demoram a relaxar e deixar a mamãe dormir. Tudo depende do jeito que eu me deito. Se for do lado direito, menos reclamações. Dona Cássia fica por cima e o mano Isaac aguenta o tranco. Mas, se deito do lado esquerdo, que é o correto de dormir por causa da circulação, a menininha chuta muito, acho que fica muito incomodada, demora para se acostumar.

Fico pensando em como deve ser apertadinho lá dentro para os dois. Meus amores, encolhidinhos, sem espaço. Mas, como me disseram, a natureza cuida.

Tive que “segurar a onda” na hidroginástica, pois não to conseguindo me locomover muito bem. Por isso tenho evitado as saídas de casa. Sozinha, agora tenho que descer com minha cachorrinha para passear e isso já é difícil, pois o cansaço é enorme para subir as escadas na volta.

Falando nela, a Pitytinha tem sido a minha companheira e fiel guardiã desde que o Leandro embarcou. Está sempre colada em mim, sempre me dando carinho.
Procuro, desde já, envolver ela em tudo que diz respeito aos bebês, dando as roupinhas pra ela cheirar, deixando-a entrar no quarto, conhecendo o ambiente que, em breve, meus filhos vão habitar.

Agora estou já na 34ª semana, os bebês pesando pouco menos de dois quilos, temos uma expectativa de que daqui a duas semanas poderemos realizar a cesárea e trazê-os ao mundo.

A decisão pelo parto cesariano foi em função do útero anteverso, que não compreendo muito bem, mas pelo que entendi ele é virado para trás, o que dificultaria muito um parto normal.

Estou com quase tudo pronto, mala da maternidade, o quartinho que ficou fofo, tudo se encaminhando para a chegada dos nossos desejados.

Ganhamos tantos presentes, roupinhas lindas, acessórios úteis, produtos de higiene e fraldas, muitas fraldas. Um estoque imenso, pois sabemos que é tudo em dose dupla, inclusive os xixis e os cocos.

A partir dessa semana, as visitas à Dra. Simone são semanais, e também já tive o primeiro contato com a pediatra que vai acompanhar essa turminha, a Dra. Juliana, que me deixou muito tranquila, tirando as dúvidas que eu tinha em relação à amamentação, ao parto em si, aos banhos, aos primeiros cuidados ainda na maternidade.

Agora começa o período de maior ansiedade para mim, já estou sentindo isso tudo aqui dentro do peito, com certo aperto de vez em quando e os nervos à flor da pele, que acarretam em lágrimas desgovernadas e muitas vezes incompreensíveis até por mim mesma. As saudades do Leandro ficam cada dia mais fortes, embora nos falemos todos os dias pelas redes sociais, sinto muita falta do colo e da ajuda que ele me dava.
Caminhar e dirigir estão se tornando tarefas bem mais complexas agora. Hoje, eu caminho cinco minutos e o cansaço toma conta de um jeito inexplicável, me sinto como se tivesse acabado de correr uma maratona.

Estava difícil de escrever nos últimos tempos, pois não havia uma posição confortável para ficar, com o enorme barrigão, que só agora deu uma subida, me permitindo usar o computador.

Agora é só continuar me cuidando, e esperando as próximas duas semanas para ter nossos bebês em meus braços, saudáveis, cheios de vida, enchendo nossa família de alegria.

Papai vai acompanhar a movimentação pela internet e tão logo possa, ele virá nos ver e conhecer os bebês mais desejados do mundo.

Conto com a torcida de vocês, caros leitores, e o controle do Pai Maior, que é o responsável por todo esse milagre em nossas vidas.




segunda-feira, 23 de junho de 2014

Escolhas

Feliz de quem sabe ser feliz.
De quem sabe extrair de todos os momentos, o seu melhor.
De quem sabe optar por sorrir, quando se pode não chorar.
Feliz é quem tem a sabedoria de entender, que nem sempre será do jeito que quiser, mas sim, do jeito que tem que ser.
Feliz do que sabe aceitar, as diferentes diferenças que o mundo tem.
E consegue ver, no fundo do olhar, o coração, a alma e a vida que ali tem.
Bonito é quando a gente percebe, que pode ter algo de belo em tudo que existe.
Que o outro é tão outro, quanto nós somos nós. 
Que só por ser outro, já merece respeito.
E que no fundo, o que importa são as emoções, as pulsações e o amor que reside dentro do peito.

domingo, 16 de junho de 2013

Viagem Solitária - Resenha Crítica



Viagem Solitária - Memórias de um Transexual 
30 anos depois

João W. Nery

João W. Nery é um escritor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro em 1950, que viveu durante 27 anos em um corpo anatomicamente feminino e com a identidade de Joana, até obter um laudo médico que o identificou como transexual masculino. Considerado o primeiro transexual homem operado do Brasil, em 1977 realizou seu primeiro procedimento cirúrgico rumo à transformação anatômica. Os procedimentos eram ilegais, assim como a mudança de identidade civil, que faria depois clandestinamente, assumindo a identidade atual e perdendo os direitos sob seu currículo escolar anterior, incluindo a faculdade de Psicologia. Aos 62 anos, Nery é considerado um exemplo na luta pelo reconhecimento das diversidades, por revelar sua história sem pudores, e assim, despertar tanto em leigos como em estudiosos, novas possibilidades e ângulos de visão, sob um aspecto mais sensível e mais humano. Sua primeira obra autobiográfica Erro de Pessoa – João ou Joana, de 1984, já tratava das questões e das dificuldades da transexualidade masculina.
Em sua autobiografia, agora repensada, Viagem Solitária – Memórias de um Transexual 30 anos depois, publicada em 2011, ele descreve com detalhes e sem rodeios, cada etapa de sua difícil trajetória, desde a infância, marcada por mil conflitos de identidade, angústias pela dificuldade de adapte em uma das categorias normatizadas pela sociedade, feminina ou masculina, e a não aceitação de si próprio, dentro do corpo que lhe fora dado pela natureza. Cada capítulo, além de uma poesia, contém um grito de liberdade contido no peito, que parece ecoar do centro das 336 páginas, carregadas de sensibilidade, perseverança e coragem para lutar, não para ser aquilo que se desejava ser, mas sim aquilo que já se era, mesmo sem parecer. Se o corpo, nada mais é do que a morada da alma, então realmente não se trata de uma mulher que decidiu virar homem. É a história de uma alma que se descobriu vivendo debaixo do teto errado e que decidiu buscar o lugar certo, onde sua alma sentiu-se, enfim, acomodada.
Na adolescência foram novos desafios, como lidar com as auto comparações com colegas do gênero masculino, os primeiros amores não correspondidos, a menstruação que configurava como “monstruação”, e a estranha convivência familiar, pacífica, mas que tentava camuflar a real situação vivida pela garota, que sofria ao ser chamada pelo nome feminino, e que muitas vezes passava períodos de autocomiseração e muita solidão, em função de sua condição, não reconhecida, não classificada e não aceita.
A juventude trouxe receosos relacionamentos com mulheres, um emprego como taxista, que lhe deu certa independência financeira e a possibilidade de sustentar e manter o primeiro casamento com uma mulher, a busca por ser reconhecido e desejado como homem, inclusive perante sua família, embora ainda vivesse no corpo feminino. Em seguida, formada em Psicologia pela UFRJ, pôde lecionar em universidades e atuar em seu consultório psicológico.
Foi só a partir de 1976 que Joana viria saber da possibilidade real de transformar-se naquilo que já era, sem aos olhos do mundo parecer: um homem. Nunca havia se visto como mulher, tão pouco sentido, embora sua anatomia gritasse isso, a cada olhar no espelho. Passou a buscar um laudo médico que lhe identificasse como transexual, para que pudesse, enfim, ser operado, ainda que clandestinamente. Em 1977, em plena ditadura militar, mas nenhum tipo de incerteza, foi submetida à histerectomia e mastectomia, seguidas por um tratamento hormonal com testosterona. João, enfim, passou a existir de fato, no corpo físico. Uma nova pessoa, com uma nova identidade, com um novo corpo, mas com sentimentos de alívio, por poder andar livremente na rua, sem sentir-se cobrado pela sociedade, por seu erro de pessoa.  Novas dificuldades, como a falta do currículo escolar e profissional, fez com que ele começasse a vida do zero, mas a realização pessoal já era suficiente para torná-lo motivado a esse recomeço. A experiência da paternidade se tornou a realização final do amadurecimento e da autoafirmação masculina. Um filho amado e desejado desde o ventre, tal qual tivesse nascido do espermatozoide que João jamais iria produzir. Teve um relacionamento muito tranquilo e bem estruturado com a criança, hoje um adulto feliz e saudável que sempre o reconheceu como homem e pai. Ensinou-lhe valores como respeito à diversidade, sensibilidade e aceitação.  
As fotos da capa do livro respondem a pergunta que todos se fazem: João jamais fora uma invenção de Joana, mas sim, sua realidade.
A autobiografia de João W. Nery acirra o questionamento à condição heteronormativa, pretendido pela teoria queer. A história de João “ex Joana” prova que apesar da institucionalização do que é normal ou não, sob a ótica e a lógica heterossexual, existe uma lacuna a ser preenchida por uma nova visão, de que outros gêneros e identidades são possíveis naturalmente, fora os que foram inventados e instituídos. Expor sua condição, abrir o jogo e compartilhar com o mundo sua experiência inspiradora de vida e luta, nos abre a cabeça para a possibilidade de sermos sim, aquilo que desejamos e somos naturalmente, sem os ritos e condicionalidades que a sociedade impõe sem dó nem piedade daqueles que se julgam ou são possivelmente diferentes, como sugere a autora Guacira Lopes Louro, no livro Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer, (p. 24): “Não se trata, pois, de tomar sua figura como exemplo ou modelo, mas de entendê-la como desestabilizadora de certezas e provocadora de novas percepções” .


Midian Greice de Almeida

Acadêmica de Jornalismo da Unisinos

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A única coisa certa na vida é o amor, porque a morte ninguém sabe ao certo se não é um renascer.

Midian Almeida

sábado, 4 de maio de 2013

Incompatibilidades



Meu senso de justiça é estranho, mas cada vez que me sinto enganada, ou desrespeitada por simples falta de vontade das pessoas em serem íntegras com as propostas que se dispuseram a desenvolver, me dá mais certeza de que to meio fora dessa casinha.

Voltar pra faculdade aos 37 quase 38, e ter que conviver com certos erros de descontinuidade, em se tratando daquilo que vai ser a tua profissão, me dá muita tristeza.

Eu gosto das combinações cumpridas, gosto de fazer as coisas com respeito a essas coisas, com dedicação. Pode até ser que as coisas venham a não dar certo, por inexperiência talvez, mas não por afinação.

A primeira coisa que a gente faz num show é afinar todos os instrumentos e definir o set list, que vai ser o mesmo pra todos os músicos, certo? Senão, cada um vai estar numa afinação, cada músico tocando uma música diferente, não vai funcionar.

É preferível uma banda afinada, ensaiada, tocando músicas simples, do que querer enrolar a plateia, sem o mínimo senso de conjunto.

E a minha cara, não tenho outra, se eu gosto eu mostro, se eu não gosto, não sei esconder. Não sei fazer de conta que tá tudo certo. Se você me perguntar o que eu penso, vou dizer mesmo, ou então não me pergunte, se não quiser saber.




Essa novela é a da vida real, se for no teatro eu até minto, mas na vida real, não sei mentir, muito menos pra mim mesma.




Roteiro é para ser seguido.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sobre amor, honra, cumplicidade, laços

O que é honrar um amor?

Honrar um amor é tratá-lo com zelo, com respeito, com fidelidade, com cumplicidade.

Ser cúmplice é mais do que brindar na hora da festa, ser cúmplice é poder virar de costas com a certeza de que o outro, o que está contigo, jamais vai te golpear. Ser cúmplice é discordar quando necessário for, sem sofrer boicotes nem desprezo, pelo respeito às diferenças. 
Honrar um amor é fazer jus à ele. 
Honrar um amor é abençoá-lo com seus melhores pensamentos ao longo do dia, é pedir perdão quando pisar na bola, é ter certeza de que do outro lado tem alguém disposto a perdoar também. É não ter medo da próxima atitude, não ter medo do desabafo, não ter medo de ser diferente.  É respeitar os momentos de reclusão, é ser honesto e poder ser sincero. Honrar um amor é ser fiel, é ouvir e dizer críticas construtivas, é poder falar um segredo e ter a certeza de que aquilo estará guardado para todo o sempre. 
Honrar um amor não é difícil, basta despir-se da vaidade, da ganância e da futilidade. Basta despir-se da inveja, do ciúme e da mesquinharia. Basta deixar de lado a arrogância e a prepotência. É reconhecer que se precisa dos outros, e que cada um, mesmo com suas peculiaridades, tem a contribuir e deve ser valorizado por isso. 
Honrar um amor é respeitar os limites, é , ao encontrar um laço firme de amizade paralela, tratar de apertar ainda mais esse laço, pra que ele não se desfaça. Honrar um amor é cuidar pra que ele não saia jamais do seu coração, mas que ele vá se ajeitando, conforme outros amores venham chegando na sua vida. 

Para amar, basta decidir, para honrar, é preciso se desafiar.
 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Mar Revolto


Desculpem a minha sinceridade. Não que eu realmente ache que tenho que pedir desculpas por isso. Não sou tão subserviente a tal ponto, aliás, um dos meus defeitos maiores, reconheço, é uma certa soberba, por não me sentir tão igualzinha à essa turma do tapinha nas costas, essa turma da politica que faz algo ali pra se beneficiar aqui, pra depois poder bater no peito aqui, e depois dar mais uma tiradinha ali...( esse pessoal, infelizmente tem sido uma maioria ultimamente). Ou melhor, não desculpem coisa nenhuma. Vocês não tem obrigação nenhuma disso, nem eu.

Posso ter mil defeitos, aliás, os tenho com certeza. Não sou melhor, nem pior do que ninguém. Só uma coisa: acho muito ruim quem fala as coisas pelas costas, quem finge amizade na frente, e por trás fica reparando nos defeitos, no modo de vida das outras pessoas, no destino que elas resolveram dar pras suas vidas. Pior ainda, vejo tanta falsidade por aí, que procuro andar afastada, para não deixar de admirar algumas pessoas, pois talvez, esse seja o maior defeito delas. E por que não aceitá-los? Tudo bem, posso até aceitá-los, mas não me peçam pra compactuar, nem pra ser conivente. Comigo não rola.
Eu sempre preferi pessoas que falam as coisas na cara, que me criticam mesmo, olhando nos meus olhos. Posso não gostar de ouvir algumas vezes, pois verdades incomodam e doem em muitos casos. E tenho, de fato, algumas amigas e amigos assim. E esses foram os que mais ganharam de mim, afeto, confiança e carinho.

Imagem: Midian Almeida - Itaimbezinho RS
 Podem me chamar de grossa, de deselegante talvez, mas deselegante mesmo, na minha opinião, é a falsidade, o falar por trás, o oportunismo e a manipulação que rola solto em algumas rodas, onde só interessa quem parece ter mais poder.

Falo, escrevo, sim. Quase tudo o que eu penso. E adoro. Desespero? Pode ser. Quem sabe. Quem sabe do meu desespero? Será que não está na hora de desesperar-se mesmo? No momento em que nos damos conta de que amigos verdadeiros são tão poucos, pois os que se apresentam mesmo, só se tem nas horas boas? Quando você está por cima?

E aqueles que fazem o papel do advogado de ambas as partes?
Fazem chorar e depois oferecem o lencinho pra secar tua lágrima. 
Esses, tem aos montes. E seguem sendo o veneno e o antídoto, para todas as partes.

Eu queria mesmo falar tudo que penso. Mas não posso. Porque se eu falasse mesmo. Muita gente ia ficar de cabelo em pé. E seu eu falasse tudo que sei? Tudo que já ouvi por aí? E se eu falasse tudo que eu mesma já falei? Deus nos acuda. Melhor não, ou melhor sim? Dúvida cruel.

Confesso, sou meio Gregório de Matos.

Daqui dessa pessoa que está escrevendo, podes ter certeza, vais ler o que queres e o que não queres talvez. Mas não vou ter nada pra te esconder, não terás surpresas de mim, como eu já tive de muitos e muitas, nas mais variadas situações.

Meu interesse não é me beneficiar de nada do que tu tens, nem do que tu podes, mas sim, ter a liberdade de ouvir verdades da tua boca  e de dizê-las com a mesma liberdade. Isso, e só isso, pode ser um verdadeiro benefício, mas não só pra mim, mas pra humanidade que existe em nós.

Eram homens das cavernas os que se digladiavam por comida, por peles, por espaço, por poder. Ou melhor, parece que nada evoluiu mesmo. Continuam a digladiar-se. Não quero isso pra mim. Sei viver com meu espaço, com o que é meu, sem precisar subir na garupa de ninguém, nem atropelar pessoas.
Imagem: Orlei Jr. Vale da Ferradura/Canela/RS
Não me sacio com lágrimas dos outros, com derrotas dos outros. Ser vencedor é servir a quem vence. (humm, tão Camões agora...se achando a literata)

Não me venham com ludíbrios, não preciso mais deles. Já sei farejar de longe quando uma raposa me ronda. Aprendi, e quem sabe você mesmo não me ensinou a farejar, porque, água mole em pedra dura...Tenho fé, um dia muita gente vai acordar, e não sou eu que vou precisar contar tudo que vi, elas próprias vão ver essas mesmas realidades com as quais me deparei nos últimos tempos.

E tomem cuidado com aquelas que falam coisas e coisas em off. Assim como elas falam dos outros em off pra você, elas falam de você em off para os outros, pois isso é um hábito normal nessas vidas.

E presta atenção: Debaixo de um lindo lago, pode haver uma serpente nadando calmamente, esperando a presa ali cair. Mas no mar revolto, você observa e já sabe exatamente o tamanho das ondas que terá que enfrentar.

Desculpe não ser política.
Arte é o que eu faço, e a minha arte precisa da sinceridade para se criar.

E pra terminar, um dos que eu mais admiro, Oscar Wilde, genial.

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe."The Soul of Man Under Socialism - Página 9Oscar Wilde

E por fim: atribuído a Wilde, mas não confirmado. Só que eu gosto de pensar que é dele, pois é a cara dele:

Loucos e Santos

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Vida ou Morte, é questão de ótica

Ando pensando na morte.

Não, calma, eu não tô deprê não. Porquê? Pensar na morte tem que ser algo necessariamente deprê? Não acho.

Se pensássemos mais acerca da morte, talvez soubéssemos conviver melhor com sua iminência.





É que nossa vida é como se fosse um ônibus, que passa todos os dias no mesmo ponto, no mesmo horário. Se um dia a gente se atrasa ou se ele não passa, por qualquer motivo que seja, a gente o perde, e acaba não embarcando pro resto da vida.
Nós somos como folha seca, que se desprende da sua árvore num vento de outono.


Vida é frágil, como chama de vela.
Nós somos como vela, algumas duram bastante e vão se apagando lentamente, outras basta um pequeno soprinho e se apagam facilmente.


Sei lá, não entendo os porquês, mas procuro compreender, é menos doloroso assim. Minha fé me faz assim, nada cética, totalmente crente. E como eu creio que a vida nos foi emprestada por Deus, pra que a gente aprenda com ela, eu sei que o tempo de aprendizado, quem decide é o mestre. A hora em que ele achar que estamos prontos pra passar pra próxima fase, já é! Ou a hora em que chegar à conclusão de que é um caso perdido, talvez...vai saber né...

Mas...

Tem gente que fecha os olhos, vivo, e não acorda mais, passa a vida sonhando com uma vida que não é a sua. Outros já morreram faz tempo, só esqueceram de fechar os olhos. Tem até quem se esqueça de viver o presente, só lembrando do passado ou querendo descobrir o futuro.


Eu acho estar verdadeiramente vivo, é sentir-se pleno, por dentro, por fora, nesse ou noutro plano. O resto não pode ser considerado vida.

Tanto que tem gente que morre e permanece vivo. Isso é que é vida de verdade.

Vida é permanecer vivo, mesmo após a morte. Vida é gostar de acordar, gostar de sair pra rua, gostar de ver as pessoas, de ouvir as crianças gritando na rua, ter prazer ao ouvir uma boa música.

Os maiores representantes dessa raça que realmente vive, me parecem ser os poetas. Eles são os mais insistentes nessa causa.
Suas palavras são inspiradas nas pequenas coisas que fazem a gente se sentir vivo.
E permanecem, pra sempre. Junto com as suas histórias, suas loucuras, suas viagens.

Poetas são eternos, por isso eu sempre imagino que os anjos são os poetas que já partiram. Anjos são músicos, isso já diz, faz tempo. Mas que os poetas também têm sua cadeira cativa ali pertinho do todo poderoso, ah têm.

Bom, mas...
O negócio é ficar tranquilo, esperar o ônibus, mas se ele um dia não vier, não desesperar-se jamais. O que importa é aquilo que se faz enquanto se está aqui na Terra. É melhor dar atenção às pessoas quando elas estão conosco, ficar rezando depois que elas já se foram não adianta lhufas. Morto é morto, acabou.

Gente viva é que precisa de oração, de cuidados. Quem se foi, fica na lembrança, naturalmente, se assim merecer.

Eu só espero que nenhuma brisa ou vento me apague. Que eu seja uma vela daquelas que se apagam lentamente, só na hora em que sua luz já esteja bem de saco cheio de iluminar.



Mas isso, quem decide é o maestro da banda lá de cima. Na hora em que estiver precisando de mais alguém pra engrossar o côro, tô aqui, pronta pra estreia!
Mas quero permanecer, tá?