sábado, 13 de outubro de 2007

Quanto tempo!

É, faz tempo que não escrevo.
Mas, ando sem tempo.
Sem tempo pra mim, sem tempo pra nada.
Sem tempo pra ser mulher, ser amiga, ser filha, ser irmã, ser tia.
O trabalho tem me consumido, eu não dou conta, aí é a frustração que me consome.

Tudo bem, a culpa é minha.
Quem mandou querer abraçar o mundo.
Queria ser mais relax. Já disse isso outro dia.
Mas é impossível quando você vê que as coisas não andam se não tiver que botar a mão.

To meio de saco cheio disso tudo. É show cancelado, é falha de comunicação, é telefone desligado em plena hora útil.
Responsabilidade?

Cansada de ser mãe sem filho. Eu acostumo mal. Acostumo a fazer tudo pelos outros, pra que eles não tenham trabalho, pra que eles possam fazer o que dá prazer.
O serviço sujo, faço eu. Corro, descubro, desdobro, dou voltas.
Mas canso. Seria uma cansaço prazeroso, mas não é.

É estranho mas não sei, parece que ninguém percebe. Ou melhor, quem eu gostaria que percebesse, não percebe.
Enquanto eu gostaria de poder ficar em casa, tocando violão, estudando música, eu tenho que ficar na rua, correndo, gravando, cobrando, pagando, vendendo o peixe.

Tô de saco cheio.

O problema é só receber crítica e mais e mais cobrança.
Dia desses resolvi tirar dois dias pra descansar.
Recebi mais críticas e mais cobranças.
Quis fazer uma surpresa, e recebi um esporro em troca.
Maquei um hotel em Canela. Pra curtir o primeiro sábado de folga do ano. Em família.
Mas antes de ir, chorei. Chorei porque percebi que prejudiquei.
Deixou tudo pra última hora, justamente pra hora em que era hora de eu ter o meu tempo, o nosso tempo.

Cansei de chorar também.

Passei o ano todo batalhando pra participar da Festa Nacional da Música. Fui. Mas antes de ir, chorei.

Quem me faz chorar? Alguém pode adivinhar?
Quem sempre me faz chorar. Quem não me respeita como ser humano, como mulher, nem como profissional.
Não quero ser glorificada. Só compreendida, reconhecida.

Cheguei onde estou à custa da minha própria batalha, não da de outros. O dia não é fácil pra mim.

Não acho que corro demais, o problema está na chegada. Quando vc quer só receber um abraço na chegada, e ao contrário, recebe um tapa, porque afinal: podia ter sido melhor, mais rápido, mais eficiente.

Queria meus dias, minhas noites. Queria sentir prazer na luta.
Tá difícil esse meu querer. Quero muito? Não sei, já não sei.
Talvez seja impossível, improvável. Mas que coisa essa minha de continuar insistindo nesse querer.

Deus há de ver, e há de prover.
Da maneira que lhe aprouver.


O que me faz continuar...bah, nem sei. Acho que vem de Deus essa força.Ou melhor, tenho certeza.

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