Reta Final
Os últimos dois meses de nossas vidas foram de grandes
transformações e muitas expectativas para esta mamãe de primeira viagem. Estou
de licença médica desde o dia 10 de dezembro, o que foi imprescindível e
providencial para a tranquilidade da gestação, já que estava muito complicada a
ida até o trabalho todos os dias, dirigindo e passando calor. Graças à Deus a
empresa onde trabalho foi muito compreensiva e percebeu minhas limitações a
partir do quinto mês de gravidez.
Nem tudo são maravilhas numa gestação gemelar. A gente fica
muito incomodada ao sentar, ao dormir, ao caminhar, levanta muitas vezes pra ir
ao banheiro, não consegue sentar direito em uma cadeira nos restaurantes, fica
difícil de dirigir, e tudo ocorre muito antes do que nas gestações normais. Ninguém
fala pra gente o quanto dói o inchaço nos pés e pernas, o quanto é difícil
dormir com o barrigão de lado, o quanto temos que nos resignar para que tudo
corra como o esperado. Talvez porque todas as mães que passaram por isso,
esqueçam rapidamente essa parte mais complicada, no instante em que têm o filho
nos braços.
Chá de Fraldas
Fizemos nosso chá de fraldas em dezembro e reunimos as
amigas queridas, além das dindas, numa tarde muito agradável de boas energias
direcionadas à barriga do ano, a casinha da Cássia e do Isaac. O nosso encontro
aconteceu na casa de uma grande amiga, que foi incansável para que tudo
acontecesse com a maior tranquilidade. Outra grande amiga fez a decoração, uma
das dindas fez docinhos, outra amiga trouxe os salgados, a vovó fez uma torta
fria, e a mamãe cuidou dos líquidos. Como era uma tarde quente de dezembro, fiz
água aromatizada e ponche, além de uma piña colada.
Foi uma tarde maravilhosa, demos muitas risadas e brincamos
muito.
Mudanças à vista
Assim que chegamos no terceiro trimestre, alguns percalços
aconteceram, fazendo com que a necessidade de cuidados especiais viesse de
repente.
Primeiro, o papai Leandro partiu rumo aos Emirados Árabes,
país onde a família deverá se fixar tão logo os babies estejam fortes e aptos a
viajar.
Eu fiquei muito abalada, foi muito difícil pensar que,
depois de tudo que passamos e sonhamos juntos, ele não teria a oportunidade de
participar dos momentos finais da gestação, acompanhar o nascimento dos nossos
filhos, cuidar de mim e me ajudar nesse final de ciclo. Mas já era esperado que
isso acontecesse, sabíamos que iria ser assim e nos mantivemos fortes. Pelo
menos pudemos passar o Natal juntos, em família.
A melhor decisão naquele momento foi ir para a casa de meus
pais, na Praia do Rosa, para que eu pudesse descansar e não ficar em casa
sozinha, só com as lembranças do marido. Não me queixo, de forma alguma, tudo
estava sendo controlado e monitorado por Deus, que abriu essa porta para nossa
família.
Diabetes gestacional
Depois, um exame de sangue apontou que a mamãe do Isaac e da
Cássia estava desenvolvendo diabetes gestacional. Foi um susto! Tivemos que retirar da dieta
todo o açúcar, toda a farinha branca, os suquinhos de frutas que eu tanto gosto
e estava tomando sem medidas, e introduzir arroz integral na alimentação. Como
essa constatação veio no período das festas de Natal e Ano Novo, foi difícil
conseguir um endocrinologista para analisar os exames.
Assim que refizemos os exames, já na metade de janeiro, constatamos
que só a nova dieta fez com que as coisas voltassem ao normal.
Inchaço
Na 28ª semana, recebi injeções de corticóides, que servem
para amadurecer os pulmõezinhos dos bebês, para que em caso de parto prematuro,
eles consigam respirar serenos.
Só que isso fez com que meus pés quase explodissem de tão
inchados, pois como sabemos, a cortizona provoca retenção de líquidos. Ainda
bem que tive algumas amigas solidárias que vieram aqui em casa massageá-los pra
tentar aliviar meu sofrimento.
Tive que aumentar também as minhas drenagens linfáticas para
três vezes por semana, para ajudar nesse período.
Dificuldades
Cada dia mais pesada, mais difícil de caminhar, subir
escadas, dirigir, mas muito feliz. Os bebês estão mexendo muito, muito mesmo! Tem
noites em que eles demoram a relaxar e deixar a mamãe dormir. Tudo depende do
jeito que eu me deito. Se for do lado direito, menos reclamações. Dona Cássia
fica por cima e o mano Isaac aguenta o tranco. Mas, se deito do lado esquerdo,
que é o correto de dormir por causa da circulação, a menininha chuta muito,
acho que fica muito incomodada, demora para se acostumar.
Fico pensando em como deve ser apertadinho lá dentro para os
dois. Meus amores, encolhidinhos, sem espaço. Mas, como me disseram, a natureza
cuida.
Tive que “segurar a onda” na hidroginástica, pois não to
conseguindo me locomover muito bem. Por isso tenho evitado as saídas de casa.
Sozinha, agora tenho que descer com minha cachorrinha para passear e isso já é
difícil, pois o cansaço é enorme para subir as escadas na volta.
Falando nela, a Pitytinha tem sido a minha companheira e
fiel guardiã desde que o Leandro embarcou. Está sempre colada em mim, sempre me
dando carinho.
Procuro, desde já, envolver ela em tudo que diz respeito aos
bebês, dando as roupinhas pra ela cheirar, deixando-a entrar no quarto,
conhecendo o ambiente que, em breve, meus filhos vão habitar.
Agora estou já na 34ª semana, os bebês pesando pouco menos
de dois quilos, temos uma expectativa de que daqui a duas semanas poderemos
realizar a cesárea e trazê-os ao mundo.
A decisão pelo parto cesariano foi em função do útero
anteverso, que não compreendo muito bem, mas pelo que entendi ele é virado para
trás, o que dificultaria muito um parto normal.
Estou com quase tudo pronto, mala da maternidade, o
quartinho que ficou fofo, tudo se encaminhando para a chegada dos nossos
desejados.
Ganhamos tantos presentes, roupinhas lindas, acessórios
úteis, produtos de higiene e fraldas, muitas fraldas. Um estoque imenso, pois
sabemos que é tudo em dose dupla, inclusive os xixis e os cocos.
A partir dessa semana, as visitas à Dra. Simone são semanais,
e também já tive o primeiro contato com a pediatra que vai acompanhar essa
turminha, a Dra. Juliana, que me deixou muito tranquila, tirando as dúvidas que
eu tinha em relação à amamentação, ao parto em si, aos banhos, aos primeiros
cuidados ainda na maternidade.
Agora começa o período de maior ansiedade para mim, já estou
sentindo isso tudo aqui dentro do peito, com certo aperto de vez em quando e os
nervos à flor da pele, que acarretam em lágrimas desgovernadas e muitas vezes
incompreensíveis até por mim mesma. As saudades do Leandro ficam cada dia mais
fortes, embora nos falemos todos os dias pelas redes sociais, sinto muita falta
do colo e da ajuda que ele me dava.
Caminhar e dirigir estão se tornando tarefas bem mais complexas
agora. Hoje, eu caminho cinco minutos e o cansaço toma conta de um jeito
inexplicável, me sinto como se tivesse acabado de correr uma maratona.
Estava difícil de escrever nos últimos tempos, pois não
havia uma posição confortável para ficar, com o enorme barrigão, que só agora
deu uma subida, me permitindo usar o computador.
Agora é só continuar me cuidando, e esperando as próximas
duas semanas para ter nossos bebês em meus braços, saudáveis, cheios de vida,
enchendo nossa família de alegria.
Papai vai acompanhar a movimentação pela internet e tão logo
possa, ele virá nos ver e conhecer os bebês mais desejados do mundo.
Conto com a torcida de vocês, caros leitores, e o controle
do Pai Maior, que é o responsável por todo esse milagre em nossas vidas.